Produtos Químicos na Limpeza e Descabonização de Motores
Todo mecânico conhece o efeito carbonização nos motores a combustão. Com o tempo as crostas negras se formam nas válvulas, câmaras de explosão, pistões e bicos injetores comprometendo o desempenho do motor. Para retirá-las a solução sempre foi a tradicional desmontagem do cabeçote e limpeza manual das peças. É um processo trabalhoso, porém definitivo, não deixando dúvida quanto a qualidade do serviço executado.
Nos últimos anos surgiram, entretanto, os líquidos de limpeza e descarbonização que quando injetados no sistema de alimentação de combustível agiriam como removedores destas crostas internas do motor. A primeira vista surgia então uma solução rápida e extremamente prática para resolver o problema de limpeza.
Passados alguns anos percebemos, assim como vários de nossas clientes, que a limpeza através dos produtos de descarbonização possui algumas deficiências e envolve alguns riscos, especialmente quando utilizados de forma corretiva, ou seja, para resolver problemas em um motor seriamente comprometido pela carbonização. Entre as deficiências citamos:
1. A impossibilidade de comprovar se a limpeza realmente foi bem feita;
2. A impossibilidade de detectar falhas elétricas do sistema, como por exemplo, um bico injetor travado aberto.
Entre os riscos encontram-se ;
1. Os resíduos químicos do próprio produto e/ou "grãos" de carvão que ficando dentro do sistema podem riscar as camisas de cilindro ou provocar o travamento do motor;
2. A descompressão do sistema quando a limpeza é tão forte que ataca até mesmo a "boa" carbonização, ou seja aquela que compensa o desgaste natural das peças;
3. A toxidade do produto. Aconselha-se uso de máscara e luva no manuseio. Além disso a oficina deve ser muito bem ventilada pois os gases emitidos também apresentam toxidade elevada.
Vários são os casos que nos têm sido reportados. A Mecânica, Elétrica e Eletrônica Maserati em Santo André, SP, por exemplo, nos enviou o relato abaixo, muito bem documentado e que merece a atenção de nossos leitores. O uso destes produtos químicos de forma corretiva nos parece então contra indicado se levarmos em conta as deficiências do processo e os riscos de provocar sérios danos aos veículos. A melhor opção, por mais trabalhosa, ainda é a desmontagem do cabeçote e a limpeza externa dos bicos em equipamentos de ultra-som, como o Raven 630. O uso de forma preventiva, entretanto, em veículos com pouquíssima carbonização, pode ser indicada como uma maneira de evitar que o processo avance quando então somente a dedicação de um bom mecânico pode resolver.
Srs. MECÂNICOS
“ATENÇÃO REDOBRADA PARA O FATOR DE TRABALHO DESCARBONIZAÇÃO.”
Hoje encontra-se no mercado uma grande promessa de serviços rápidos com produtos químicos para uma ação interna nos motores a explosão com suas válvulas de admissão, escapes, câmaras, coletores e pistões para limpeza de bicos no local sem remoção do mesmo.
Já é sabido que sempre foram utilizados procedimentos de desmontagem do cabeçote a cada 50.000 Km, para novo acentamento das válvulas e remoção do carvão nas câmaras.
Obs : Não deixando cair o carvão para dentro da camisa pois o mesmo é um material muito rígido e pode causar ranhuras nas camisas e danos no pistão com possível queima de óleo futuro.
Temos aqui experiência pouco satisfatória com descarbonizantes.
Nas válvulas apresentadas, foram utilizados estes produtos sem sucesso.
1° veículo: Ipanema EFI – gasolina.
Não houve remoção de carvão nas suas sedes.
2° veículo: Palio 1000 – gasolina.
Neste outro exemplo o pistão removeu a sujeira, mas foi para onde a lógica deveria levá-la, pistão danificou a camisa causando uma grande queima de óleo.
3° veículo: Blazer 4.3 – V6
Atuando limpeza dos bicos no local, uma das pontas climatizadoras travou com condição de excesso, ou seja, esfera aberta causando calço hidráulico e que “travou” um 100% americano.
Estamos aqui divulgando estes acontecimentos pelo seguinte fator: quem move nossas empresas são os CLIENTES.